O actor, encenador, advogado e politico, Morais e Castro, de 69 anos, faleceu na tarde de ontem sábado, no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, onde se encontrava internado. Encontrava-se internado há um mês, devido a cancro.
Nascido em Lisboa a 30 de Setembro de 1939, José Armando Tavares de Morais e Castro destacou-se como actor e encenador. Estreou-se como actor no Teatro Gerifalto, contracenou com os melhores actores da sua geração, como Armando Cortez, Carmen Dolores ou Ruy de Carvalho. Foram mais de 50 anos de carreira.
O seu trabalho na televisão também ficou conhecido, tendo participado em várias novelas e séries. Mais recentemente popularizou-se como professor na série «As Lições do Tonecas».
Era licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, pelo que também exerceu advocacia. Era um activo militante e dirigente do Partido Comunista Português, chegando a receber Álvaro Cunhal em casa de seus pais quando o histórico comunista fugiu do Forte de Peniche.
«Aos 12 anos, em casa dos meus pais, o meu tio Norberto chamou-me à parte e disse-me que estava lá um senhor que lutava para mudar o País, que ia conhecê-lo, mas que não podia falar em nada. Era o Abel, pseudónimo claro! Depois conheci o Pires Jorge, o Octávio Pato, o Joaquim Gomes, o Dias Coelho, o Sérgio Vilarigues, o Álvaro Cunhal... Aprendi muito. O Vilarigues dava-me na cabeça, porque os meus pais tinham-lhe dito que eu só lia revistas humorísticas e quadradinhos. Emprestou-me Subterrâneos da Liberdade», afirmou numa entrevista recente ao jornal «Avante».
«O mês em que o Álvaro esteve em muita casa foi fantástico. Tive a honra de lhe pintar o cabelo de louro antes de ele sair do País. Eu estava justamente a fazer a cadeira de Direito Colonial e um dia comentei com ele que os portugueses não eram tão racistas como os ingleses, os franceses ou os holandeses. E ele respondeu-me que isso acontecia por razões sexuais, porque a primeira coisa que os portugueses faziam quando desembarcavam era procurar mulheres. Não tinham medo das doenças, como os povos do Norte da Europa», recordou na altura.
Mais tarde, quando Cunhal já estava muito debilitado, leu uma sua declaração no 16º Congresso do PCP, que se realizou no Pavilhão Atlântico: «Foi uma grande honra. Depois de ter lido, telefonei-lhe a perguntar o que ele tinha achado: "Andaste a puxar os aplausos." Eu expliquei que não, que as palmas eram para ele e eu afastava-me para o lado. Depois parou e disse-me: "Estão aqui pessoas que assistiram a dizer que não, que não puxaste. Peço desculpa." Só um homem como ele!»
O problema é que esse momento marcante custou-lhe dois anos sem convites para ir a programas de televisão. «Quando li a saudação, já estava à espera desta reacção. Actualmente não tenho esse problema. Tenho o respeito das pessoas», refere na tal entrevista.
Nascido em Lisboa a 30 de Setembro de 1939, José Armando Tavares de Morais e Castro destacou-se como actor e encenador. Estreou-se como actor no Teatro Gerifalto, contracenou com os melhores actores da sua geração, como Armando Cortez, Carmen Dolores ou Ruy de Carvalho. Foram mais de 50 anos de carreira.
O seu trabalho na televisão também ficou conhecido, tendo participado em várias novelas e séries. Mais recentemente popularizou-se como professor na série «As Lições do Tonecas».
Era licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, pelo que também exerceu advocacia. Era um activo militante e dirigente do Partido Comunista Português, chegando a receber Álvaro Cunhal em casa de seus pais quando o histórico comunista fugiu do Forte de Peniche.
«Aos 12 anos, em casa dos meus pais, o meu tio Norberto chamou-me à parte e disse-me que estava lá um senhor que lutava para mudar o País, que ia conhecê-lo, mas que não podia falar em nada. Era o Abel, pseudónimo claro! Depois conheci o Pires Jorge, o Octávio Pato, o Joaquim Gomes, o Dias Coelho, o Sérgio Vilarigues, o Álvaro Cunhal... Aprendi muito. O Vilarigues dava-me na cabeça, porque os meus pais tinham-lhe dito que eu só lia revistas humorísticas e quadradinhos. Emprestou-me Subterrâneos da Liberdade», afirmou numa entrevista recente ao jornal «Avante».
«O mês em que o Álvaro esteve em muita casa foi fantástico. Tive a honra de lhe pintar o cabelo de louro antes de ele sair do País. Eu estava justamente a fazer a cadeira de Direito Colonial e um dia comentei com ele que os portugueses não eram tão racistas como os ingleses, os franceses ou os holandeses. E ele respondeu-me que isso acontecia por razões sexuais, porque a primeira coisa que os portugueses faziam quando desembarcavam era procurar mulheres. Não tinham medo das doenças, como os povos do Norte da Europa», recordou na altura.
Mais tarde, quando Cunhal já estava muito debilitado, leu uma sua declaração no 16º Congresso do PCP, que se realizou no Pavilhão Atlântico: «Foi uma grande honra. Depois de ter lido, telefonei-lhe a perguntar o que ele tinha achado: "Andaste a puxar os aplausos." Eu expliquei que não, que as palmas eram para ele e eu afastava-me para o lado. Depois parou e disse-me: "Estão aqui pessoas que assistiram a dizer que não, que não puxaste. Peço desculpa." Só um homem como ele!»
O problema é que esse momento marcante custou-lhe dois anos sem convites para ir a programas de televisão. «Quando li a saudação, já estava à espera desta reacção. Actualmente não tenho esse problema. Tenho o respeito das pessoas», refere na tal entrevista.
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