O presidente da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) na Universidade
da Beira Interior (UBI), Miguel Castelo Branco, admite que nos próximos
anos a Covilhã poderá incubar um grupo de empresas de tecnologias na
área da saúde, avança a agência Lusa.
Ainda este ano, a universidade vai começar a construir o UBI Medical,
um parque tecnológico de saúde, cujos edifícios vão nascer em terrenos
ao lado da faculdade e do Hospital Pêro da Covilhã.
A obra está orçada em 2,5 milhões de euros e aguarda visto do Tribunal de Contas para ser iniciada.
O UBI Medical deverá ter um impacto reduzido na área pedagógica da FCS,
“mas será muito importante para dinamizar áreas de investigação viradas
para soluções concretas, com novas empresas e próximas da comunidade”,
diz aquele responsável.
Miguel Castelo Branco espera que a investigação que já existe na FCS
seja alargada à cooperação com outras faculdades da universidade.
Actualmente há já colaborações com cursos na área das engenharias para testar sistemas inovadores.
Dois dos estudos envolvem equipamento de monitorização de parâmetros
vitais à distância (em que um paciente pode estar em casa, mas ligado a
um hospital) e sensores para segurança em voos, explicou.
Para o presidente da FCS, “não é utópico pensar num cluster de empresas
ligadas às ciências da saúde na Covilhã. Há passos dados, como o UBI
Medical, em que a intenção é essa”.
A primeira faculdade com curso de Medicina do interior do país está a
comemorar o 10.º aniversário, com cerimónias oficiais agendadas para 15
de Outubro.
Desde que foi criada, surgiram também curso de Medicina na Universidade do Minho (em simultâneo) e na Universidade do Algarve.
Miguel Castelo Branco considera que “Portugal não precisa de mais
faculdades de medicina”. O país precisa, na sua opinião, “que haja uma
maior responsabilização das faculdades em relação às próprias regiões em
que estão inseridas, uma responsabilidade social”.
Para além de formarem médicos, as instituições “devem realizar
levantamentos epidemiológicos nas regiões em que estão inseridas,
analisar as melhores condutas para cuidados de saúde locais e incentivar
e colaborar na investigação de dispositivos médicos”.
Faculdade quer hospitais a cooperar para fixação de médicos formados na região
Os hospitais da Beira Interior têm de “cooperar mais”, para que as
especialidades ganhem dimensão, abram “mais vagas para formação” e se
fixem mais médicos formados na região, defende o presidente da Faculdade
de Ciências da Saúde da Covilhã.
Desde 2008, ano em que os primeiros médicos formados na Universidade da
Beira Interior (UBI) iniciaram o internato de especialidade (formação
de vários anos que fixa os médicos após o curso), houve 69 vagas abertas
nos hospitais da Covilhã, Guarda e Castelo Branco para candidatos de
todo o país.
No mesmo período foram formados 240 médicos na faculdade da Beira
Interior e só 11 conseguiram ficar a aprender uma especialidade na
região.
As especialidades dispersas pela região têm funcionado “com base na
organização de cada um dos hospitais”, mas o presidente da faculdade
defende que seja feito “um esforço” para “trabalharem em conjunto”.
As vagas são aprovadas para cada especialidade pelo Ministério da Saúde
e Ordem dos Médicos com base em vários pressupostos, entre os quais, o
número de médicos disponíveis em cada hospital.
O tipo de dimensões actuais, “na generalidade das especialidades, são
insuficientes para a região conseguir ter mais espaços formativos” que
contribuam para fixar mais médicos, alerta.
O presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI considera que os
desentendimentos entre os três hospitais, na última década, sobretudo
quando se discutiu a fusão de maternidades, não devem levantar dúvidas
sobre as possibilidades de cooperação.
Segundo refere, “o caso das maternidades foi provavelmente o mais
complexo: noutras especialidades penso que é perfeitamente possível
trabalhar no sentido de encontrar cooperação”.
Miguel Castelo Branco diz acreditar que os alunos formados na UBI podem
distinguir-se por terem “um melhor conhecimento da área da medicina
geral e familiar, uma vez que o curso tem uma ênfase muito precisa nessa
área”
Fonte: RCM PHARMA
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